Reza a psicanálise e a filosofia que não nos relacionamos com o outro, mas como a imagem que fazemos do outro. É interessante essa afirmação e apenas revela o quanto somos confusos e complexos.
Quando trazemos isso para os relacionamentos amorosos toma proporções de uma tragédia, ou comédia, grega. Porque o apaixonado sempre exagera nas qualidades, que muitas vezes nem existem, no bem amado.
São atos heróicos, cenas de amor e virtudes que só existem na sua imaginação ou na sua própria vontade que elas existam. Tanto é que o que mais ouvimos nos desabafos dos recém separados é um tal de: “vivi tantos anos com fulano e não o conhecia” . É a mais pura verdade só se consegue enxergar bem com os olhos desanuviados da bruma do amor.
A mulher não consegue perceber inclusive que o cara tem um pau pequeno, mal hálito e manias simplesmente insuportáveis na hora de amar. Tudo isso vem à tona em uma separação ou quando o amor acaba.
Para eles o som de sua voz revela-se um tormento, ela passa a ser uma gastadeira compulsiva e completamente dominada pelas irmãs e amigas.
Não, o casal não foi abduzido para logo depois serem devolvidos à terra com seu DNA modificado, eles são as mesmíssimas pessoas. Contudo pela primeira vez estão olhando realmente um para o outro não para imagem que cada um criou ao seu próprio sabor.
Quando há cumplicidade, intimidade e confiança eles conseguem passar por essa difícil prova de realidade e permanecerem juntos sem ímpetos de um voar na garganta do outro.
Mas, em tempos loucos e urgentes que vivemos as pessoas não têm mais paciência para descobrir todos esses outros motivos. Querem ser felizes agora, já, e a melhor forma é buscar uma outra miragem.
Aos olhos do novo amor você volta a ter um pau imenso, fazer sexo como se tivesse 15 anos, suas piadas e amigos são sempre bem vindos e recebidos com um sorriso. Lá você é a mais gostosa, a preferida, sua voz o acalma, sua presença é algo terno, quente, bom.
Nesse idílio amoroso cada um ama sua própria criatura e se sente imensamente feliz com isso.